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Espiritualidade

Conheça a irmã Dulce – a primeira santa brasileira

Escrito por Augusto Marques

No dia 13 de Outubro de 2019, a baiana, Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, mais conhecida como, Irmã Dulce, foi canonizada pelo papa Francisco, o que lhe rendeu o título de “a primeira santa brasileira”. Para quem não sabe, Irmã Dulce tem dois milagres reconhecidos pela Igreja e a partir de sua canonização deixou de ser chamada de Irmã Dulce para ser chamada de: Santa Dulce dos Pobres.

A cerimônia foi realizada na basílica de São Pedro, na praça de mesmo nome, no Vaticano e contou com duração de duas horas além da utilização de uma liturgia especial para esse tipo de nomeação. Assista a cerimônia.

Um pouco mais sobre a cerimônia

Logo após os cantos iniciais e a saudação papal, o cardeal, que também é prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Angelo Becciu, formalizou o pedido ao pontífice para que cinco beatos recebessem a canonização.

  • Irmã Dulce (1914-1992)
  • John Henry Newman (1801-1890)
  • Giuseppina Vannini (1859-1911)
  • Mariam Thresia Chiramel Mankidiyan (1876-1926)
  • Marguerite Bays (1876-1926)

Assim que os nomes foram apresentados, foram colocados, sobre o altar que foi instalado diante da basílica, as relíquias dos novos santos e logo após, foi rezada a “Ladainha de Todos os Santos”, uma oração solene da Igreja Católica para esses momentos únicos.

Algo importante para esclarecer: canonização é diferente de beatificação. Está última, pode ser realizada no local de origem da pessoa religiosa, já a canonização, somente diante da basílica, no Vaticano e ainda, com a presença do papa.

O processo de canonização e as primeiras palavras do papa

O papa, depois de todos os estágios realizados, continuou a celebrar o momento e, para torna-lo ainda mais especial, pronunciou tais palavras em latim:

 “Pela honra da Santíssima Trindade, pela exaltação da fé católica e o fortalecimento da vida cristã, com a autoridade do Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e nossa, depois de haver longamente refletido, invocado tantas vezes a ajuda divina e escutado o parecer de muitos dos nossos irmãos no episcopado, declaramos e definimos santos os beatos”, disse o papa.

Logo em seguida, o papa citou o nome dos cinco novos santos e declarou: “Inscrevamo-los no álbum dos santos, estabelecendo que eles sejam venerados assim por toda a igreja. Em nome do pai, do filho e do Espírito Santo”.

O papa Francisco, destacou na homilia da missa, que, dos cinco membros canonizados, três se tratavam de freiras que mostraram para a sociedade que a vida religiosa: é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo. Uma informação importante a respeito do papa Francisco, tais assuntos, como: cuidado com a exclusão social e a pobreza, são assuntos que o pontífice sempre traz em seus trabalhos religiosos.

Irmã Dulce, literalmente uma das santas mais novas do mundo

Existe um período para tornar um religioso santo, claro que esse tempo varia conforme seus milagres. O que chama atenção na canonização de Irmã Dulce é o tempo que demorou para receber tal título, cerca de vinte e sete anos após a sua morte. Somente três outros religiosos se tornaram santos com partidas tão recentes, como por exemplo: o papa João Paulo 2º (1920-2005) e Madre Teresa de Calcutá (1910-1997).

Irmã Dulce e sua beatificação

Irmã Dulce, ou melhor Santa Dulce dos Pobres, em 2011 já havia sido beatificada pelo reconhecimento de um milagre que aconteceu em 2001 no estado de Sergipe. Havia uma mulher chamada, Claudia Cristina dos Santos que sofria com uma hemorragia incessante após dar luz ao seu segundo filho. Claudia rezou para a irmã Dulce e recebeu um milagre.

Outro milagre de Irmã Dulce que foi reconhecido, contemplou o maestro José Maurício Moreira que ficou cego durante 14 anos por causa do Glaucoma. O milagre foi reconhecido durante a canonização com a presença do maestro e diante de 50 mil fiéis que estavam presentes na praça.

Alguns cuidados durante a canonização no Vaticano

Os fiéis tomaram a praça de São Pedro, no entanto, só era possível ter acesso após passarem por um detector de metais para a segurança dos fiéis e das figuras religiosas ali presentes. Apesar de ser um grande número de pessoas, ainda era possível divisar alguns espaços vazios durante a cerimônia.

Outro fato que se destaca neste evento foi sua organização. Para as pessoas que não tinham convite para fazer parte da celebração, era possível entrar mediante ordem de chegada, porém, mesmo aqueles que não conseguiram adentrar a praça, puderam acompanhar toda cerimônia através de telões instalados do lado de fora.

A canonização de Irmã Dulce contou com a presença de grandes políticos brasileiros, entre outras pessoas importantes da região dos demais nomeados a santos. Ao terminar a cerimônia, como todos os domingos, o papa Francisco realizou o Angelus, que nada mais é que sua benção de domingo da janela de seus aposentos no Vaticano.

Irmã Dulce – o anjo bom da Bahia

Irmã Dulce nasceu na Bahia, onde, devotou sua vida para um caminho de fé e obstinação. Chegou a enfrentar regras rígidas de enclausuramento da Igreja por prestar assistência aos menos favorecidos de sua cidade, algo que realizou até o dia de sua morte e por esse motivo, recebeu a alcunha de anjo bom da Bahia.

Sua vida religiosa teve início ao ingressar como noviça na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição em São Cristovão (SE), mas foi somente em Salvador, que começou a se dedicar a ações sociais. Para você compreender a extensão da bondade de Irmã Dulce: no ano de 1959, se apropriou do galinheiro que havia ao lado do Convento Santo Antônio para improvisar uma enfermaria para cuidar de doentes. Mal sabia que aquele era o primeiro passo para suas obras sociais, algo que, até o dia de sua canonização, somava cerca de 3,5 milhões de pessoas por ano atendidas.

Irmã Dulce, nasceu no ano de 1914, na cidade de Salvador e foi a responsável por uma das maiores obras de Assistência Social gratuitas de seu estado natal que trouxe uma qualidade melhor de vida para muitas pessoas que não tinham acesso e muito menos condições para um serviço realmente profissional. Irmã Dulce faleceu no ano de 1992 aos 77 anos.

Os milagres de Irmã Dulce

  • 2001: orações em seu nome fizeram cessar a hemorragia de uma mulher em Sergipe;
  • 2014: o maestro José Maurício Moreira voltou a enxergar depois de 14 anos.

Conheça os próximos brasileiros que aguardam a canonização:

  • Albertina Berkenbrock (1919-1931)
  • Benigna Cardoso da Silva (1928-1941)
  • Lindalva Justo de Oliveira (1953-1993)
  • Francisca de Paula de Jesus (1810-1895)
  • Padre Victot (1827-1905)
  • Adílio Daronch (1908-1924)

Outros Santos que atuaram no país

  • José de Anchieta (1534-1597)
  • Frei Galvão (1739-1822)
  • Mártires do RN (1645): católicos foram assassinados durante a dominação holandesa, tiveram partes de seus corpos decepados pelos soldados e também, pelos índios tapuias. Receberam a canonização em 2017, pelo papa Francisco.
  • Madre Paulina (1865-1942)

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Sobre o autor

Augusto Marques

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